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Mulheres na ciência
Desde 2015, no mês de fevereiro, é comemorado o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi instituída pela Assembleia das Nações Unidas com o objetivo de dar visibilidade às meninas e mulheres que escolheram atuar nas áreas de pesquisa científica e tecnológica.
Eram meados da década de 1960 na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, quando uma mulher se tornou PhD em Etologia – ciência que estuda o comportamento animal – sem ter diploma universitário. Até hoje, são poucos que conseguiram esse feito.
Ainda assim, à época, por ser jovem e mulher, não era bem aceita pela comunidade científica e seguidamente estereotipada pela mídia. Uma matéria sobre suas pesquisas publicada na Associated Press, por exemplo, a resumia como “loura esguia com mais tempo para macacos do que para homens”. Além disso, desafiava as imposições de seu tempo e não seguia os rigorosos métodos usados até então: se negava a identificar os primatas que observava e estudava por números; dava nome a todos eles.
Ela é a primatóloga britânica Valerie Jane Morris-Goodall, mais conhecida como Dra. Jane Goodall, responsável por revolucionar, com seu estudo sobre o comportamento dos chimpanzés, a forma como vemos a humanidade.
Hoje, tantos anos depois, a percepção do mundo sobre o papel das mulheres e meninas na ciência mudou – mas nem tanto.
Letícia Ferreira da Costa, alumni do programa de bolsas Somos Futuro, do Instituto Somos, que cursa Meteorologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ainda enfrenta a estereotipização quando revela a alguém sua futura profissão. “A imagem de uma meteorologista é comumente associada a uma jornalista que apresenta a previsão do tempo na TV aberta, o que é equivocado, já que o trabalho da meteorologista vai muito além disso”, conta a universitária.
Já Kauany de Jesus Fernandes, também alumni do mesmo programa e estudante de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), nunca foi rotulada por sua escolha, mas confessa que muitos estranham quando fala sobre sua opção de carreira: “Me deparo, por diversas vezes, com perguntas, como ‘o que faz um engenheiro químico?’. E, quando explico, as pessoas se espantam ao descobrir que é uma profissão que faz parte, praticamente, de todo o nosso dia a dia”.
Apesar das atuais e futuras adversidades, ambas estão determinadas a seguir em frente.
“As ciências atmosféricas me fascinam demais! Acho impressionante a ciência por trás da física da atmosfera e seu impacto direto na vida como conhecemos hoje. É possível fazer previsões sobre enchentes e alagamentos, secas, temporais, ciclones, tornados… Saber interpretar esses sinais e prever esses fenômenos com o intuito de minimizar as perdas e os estragos causados por eles é magnífico! Pretendo me aprofundar e seguir carreira a partir da graduação, me vejo trabalhando nessa área, mas não só aqui no Brasil; também exercendo influência e trabalhando com a América Latina e a Europa”, complementa Letícia, decidida.
Kauany também tem planos para assim que se formar: “Me interessei demais pelo mundo acadêmico para simplesmente abandoná-lo ao terminar a graduação. Quero fazer uma pós-graduação em áreas congruentes, como bio e nanotecnologia, e trabalhar em alguma indústria ou laboratório, realizada e feliz com a minha futura profissão”, orgulha-se.
As duas são o exemplo prático e transformador do que acredita o Instituto Somos: educação e profissão não têm gênero; as oportunidades devem ser inclusivas e para todos.
*Com informações de Portal FioCruz e Revista Galileu.
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